Lembre que os asanas somente são Yoga quando se fazem com consciência e cultivando o desapego em relação ao corpo.
O asana é um meio para se conseguir meditar em paz, e não um fim em si mesmo. Não tente se concentrar no que você não consegue fazer: focalize sua atenção no que lhe resulta possível hoje. Leve em consideração que as fronteiras da flexibilidade e do alongamento mudam continuamente.
Permaneça atento para perceber as mudanças na paisagem interna ao longo da prática. O asana revela as dificuldades do corpo, mas é ao mesmo tempo a ferramenta para corrigir aquelas que podem ser superadas, ou aceitar as que não podem ser mudadas.
A precisão no movimento associada à acuidade na observação, desnudam o corpo, que fica transparente como o cristal. Um corpo capaz de revelar-se, sem culpas nem medos. A dor física que pode surgir na prática tem dois diferentes aspectos: um aspecto está vinculado ao corpo; o outro, às emoções. É preciso saber distinguir essas duas fontes de dor. Dentro da dor física, é preciso separar a construtiva da destrutiva. A dor construtiva é a que você sente quando trabalha e fortalece a estrutura ósseo muscular.
A dor destrutiva é a que se sente dentro das articulações, ou quando nervos são comprimidos. Mantenha o equilíbrio e a equanimidade. Evite deixar-se arrastar pelo falatório da mente enquanto estiver praticando. Seja pragmático e eficiente. Não se enrole. Evite distrair-se. Evite ficar tenso na postura. Relaxe no esforço, como ensinou Patañjali. Mantenha o corpo firme, mas não duro. Leve, mas não mole. Aprenda a ouvir o diálogo entre o corpo e o asana. Lembre que não existem posturas perfeitas. Adapte as posturas a seu corpo.
Nunca faça o contrário, pois isso é violência. Nos asanas e na vida, na medida em que a consciência se expande, aprendemos a identificar os momentos em que começamos a sair do estado de equilíbrio, e assim adquirimos a habilidade de corrigir o rumo antes que o desequilíbrio se manifeste. Respire sempre em ujjayi pranayama, se isso for possível. Use os drishtis, pois eles aumentam a consciência do corpo no espaço. Lembre que os bandhas (mula e uddiyana) surgem naturalmente quando há alinhamento profundo. Mantenha essas contrações todo o tempo.
A respiração não deve ser nem muito lenta, nem muito rápida. Ela deve ser eficiente, sem forçar nem fazer demasiado ruído (mesmo em ujjayi). O movimento do corpo deve ser adaptado ao movimento respiratório, e não o contrário. A uniformidade da respiração determina se podemos permanecer na postura, ou devemos sair dela. Quando você se descobre retendo a respiração em situações difíceis, é preciso tomar consciência de que esta tendência a segurar o ar e um reflexo da identificação com suas próprias limitações e medos. Na prática, assim como na vida, ofereça sua respiração ao oceano do ar.
Aliás, leve em consideração que foi no oceano do prana que ela nasceu. Ofereça seu esforço ao oceano da existência, repetindo mentalmente “namah, namah, namah”, ao praticar.
Fonte: yoga.pro.br
terça-feira, 20 de setembro de 2011
Ásana, dor e alinhamento - por Pedro Kupfer
Há dois tipos de dor que você pode sentir numa prática de ásana: uma positiva e outra negativa. A dor positiva é aquela que você sente nos músculos, e que é sinal de que está trabalhando e mexendo nas estruturas físicas, dando a si mesmo um novo corpo. A dor negativa, é a que você sente nas juntas, no interior das articulações, e que significa que você está forçando demasiado, fazendo os exercícios sem alinhamento ou praticando sem atenção ou sem a atitude mental correta. Se você tiver um corpo extremadamente flexível, precisa redobrar esses cuidados. Uma opção é trabalhar dentro da margem de segurança, evitando quaisquer exageros (recomendada para pessoas muito flexíveis). A outra, igualmente válida, seria trabalhar no limiar, no ponto onde o prazer se transforma em dor (mais adequada para pessoas não tão flexíveis assim). Neste último caso, se pede atenção redobrada para evitar acidentes.
Acabamos de mencionar a questão do alinhamento, mas não explicamos nada até agora. O alinhamento é um principio muito importante dentro da prática, pois ele dá segurança na execução dos ásanas. Para um praticante novo, ouvir falar sobre alinhamento pode soar um tanto 'etérico', difícil de entender e mais difícil ainda de colocar em prática. Desde o ponto de vista puramente fisiológico, o alinhamento lida com a postura ideal: ajustar e alinhar corretamente ossos e articulações pode ajudar a prevenir acidentes ou dores no corpo e potencializa o funcionamento da 'máquina', contribuindo desta forma para o bem-estar físico do indivíduo.
Entretanto, limitando-nos ao plano puramente físico, nos confrontamos com diferentes abordagens da questão do alinhamento: deveríamos nos transformar em autômatos iguais aos desenhos dos livros de anatomia ou existiria algum tipo de negociação entre os ásanas e o nosso corpo imperfeito, vitimado pelo esquecimento, a má postura ou o descaso? Responderemos essa pergunta logo mais. Não obstante, neste ponto surgem outras questões de índole prática: qual seria o encaixe ideal da pélvis? Devemos colocar o peso do corpo no meio ou à frente das articulações dos tornozelos? Dentre todas as perguntas deste tipo que você possa se formular ao longo de uma prática, o maior desafio é descobrir o que significa alinhamento na sua própria experiência.
Embora o conceito de alinhamento seja uma das coisas mais difíceis de se definir no Yoga, existem diversas abordagens que podem nos ajudar a entende-lo melhor. A primeira aproximação ao conceito de alinhamento envolve a noção dos planos sagital e frontal, que divide o corpo nos hemisférios direito e esquerdo, e partes anterior e posterior. Desde este ângulo, o alinhamento serviria para consertar as diferenças do corpo entre os lados direito e esquerdo ou anterior e posterior, resolvendo assim casos de desvios de coluna como escoliose, cifose ou lordose. Por exemplo, se ao fazer a inversão sobre os ombros, sarvangásana, surgirem dores nos lados do pescoço ou nos ombros, que é onde se coloca o peso, isso pode significar que está faltando alinhamento vertical.
Entretanto, a consciência dos planos sagital e frontal é apenas o começo. Alinhamento significa igualmente tomar consciência das diferentes maneiras em que as posturas podem vivenciar-se. Significa abrir e criar espaço não apenas ao longo de um eixo, mas no organismo inteiro. Não é unicamente se encaixar ao longo de um eixo; não é algo que se impõe externamente ao corpo: existe sim uma adaptação da postura ao corpo de cada um. Para que você possa começar a tirar alguma conclusão do diálogo interno que surgirá durante a prática, você precisa tornar-se o ásana, ser o ásana, ao invés de unicamente fazer o ásana.
Desenvolver a intuição de como o alinhamento trabalha pode despertar experiências escondidas no corpo, tornando conscientes os samskáras, os condicionamentos que moldam as nossas estruturas musculares. Nesse plano, ainda mais sutil, o alinhamento funciona para abrir caminhos para que a energia ascenda.
Desta forma, buscar o alinhamento profundo pode comparar-se à tarefa de lapidar um diamante. Em primeiro lugar, precisamos colocar muita atenção no processo e ter claro aquilo que estamos procurando. Partindo de uma pedra bruta, o lapidador consegue enxergar as linhas onde a pedra se abrirá de maneira que se revele a beleza da sua forma e usar essas linhas a seu favor. Uma vez identificadas as linhas de corte, há ainda muito trabalho pela frente, polindo e eliminando as asperezas da superfície da pedra.
A prática de ásana é como lapidar o diamante que nós mesmos somos: só podemos chegar lá sozinhos. Obviamente, um professor competente poderá ajudar, nos mostrando o caminho através de instruções ou sugestões, mas estamos falando de algo sutil, subjetivo e pessoal. Você só conseguirá entender na hora em que estiver fazendo a prática.
Extraído do livro Yoga Prático
Acabamos de mencionar a questão do alinhamento, mas não explicamos nada até agora. O alinhamento é um principio muito importante dentro da prática, pois ele dá segurança na execução dos ásanas. Para um praticante novo, ouvir falar sobre alinhamento pode soar um tanto 'etérico', difícil de entender e mais difícil ainda de colocar em prática. Desde o ponto de vista puramente fisiológico, o alinhamento lida com a postura ideal: ajustar e alinhar corretamente ossos e articulações pode ajudar a prevenir acidentes ou dores no corpo e potencializa o funcionamento da 'máquina', contribuindo desta forma para o bem-estar físico do indivíduo.
Entretanto, limitando-nos ao plano puramente físico, nos confrontamos com diferentes abordagens da questão do alinhamento: deveríamos nos transformar em autômatos iguais aos desenhos dos livros de anatomia ou existiria algum tipo de negociação entre os ásanas e o nosso corpo imperfeito, vitimado pelo esquecimento, a má postura ou o descaso? Responderemos essa pergunta logo mais. Não obstante, neste ponto surgem outras questões de índole prática: qual seria o encaixe ideal da pélvis? Devemos colocar o peso do corpo no meio ou à frente das articulações dos tornozelos? Dentre todas as perguntas deste tipo que você possa se formular ao longo de uma prática, o maior desafio é descobrir o que significa alinhamento na sua própria experiência.
Embora o conceito de alinhamento seja uma das coisas mais difíceis de se definir no Yoga, existem diversas abordagens que podem nos ajudar a entende-lo melhor. A primeira aproximação ao conceito de alinhamento envolve a noção dos planos sagital e frontal, que divide o corpo nos hemisférios direito e esquerdo, e partes anterior e posterior. Desde este ângulo, o alinhamento serviria para consertar as diferenças do corpo entre os lados direito e esquerdo ou anterior e posterior, resolvendo assim casos de desvios de coluna como escoliose, cifose ou lordose. Por exemplo, se ao fazer a inversão sobre os ombros, sarvangásana, surgirem dores nos lados do pescoço ou nos ombros, que é onde se coloca o peso, isso pode significar que está faltando alinhamento vertical.
Entretanto, a consciência dos planos sagital e frontal é apenas o começo. Alinhamento significa igualmente tomar consciência das diferentes maneiras em que as posturas podem vivenciar-se. Significa abrir e criar espaço não apenas ao longo de um eixo, mas no organismo inteiro. Não é unicamente se encaixar ao longo de um eixo; não é algo que se impõe externamente ao corpo: existe sim uma adaptação da postura ao corpo de cada um. Para que você possa começar a tirar alguma conclusão do diálogo interno que surgirá durante a prática, você precisa tornar-se o ásana, ser o ásana, ao invés de unicamente fazer o ásana.
Desenvolver a intuição de como o alinhamento trabalha pode despertar experiências escondidas no corpo, tornando conscientes os samskáras, os condicionamentos que moldam as nossas estruturas musculares. Nesse plano, ainda mais sutil, o alinhamento funciona para abrir caminhos para que a energia ascenda.
Desta forma, buscar o alinhamento profundo pode comparar-se à tarefa de lapidar um diamante. Em primeiro lugar, precisamos colocar muita atenção no processo e ter claro aquilo que estamos procurando. Partindo de uma pedra bruta, o lapidador consegue enxergar as linhas onde a pedra se abrirá de maneira que se revele a beleza da sua forma e usar essas linhas a seu favor. Uma vez identificadas as linhas de corte, há ainda muito trabalho pela frente, polindo e eliminando as asperezas da superfície da pedra.
A prática de ásana é como lapidar o diamante que nós mesmos somos: só podemos chegar lá sozinhos. Obviamente, um professor competente poderá ajudar, nos mostrando o caminho através de instruções ou sugestões, mas estamos falando de algo sutil, subjetivo e pessoal. Você só conseguirá entender na hora em que estiver fazendo a prática.
Extraído do livro Yoga Prático
Como escolher um bom professor de yoga - por Pedro Kupfer e Em busca de um instrutor - por Eloisa Vargas
Antes de mais nada, é preciso ter claro o que você quer da prática. Os objetivos mudam de pessoa para pessoa. Lembre que existem muitas formas diferentes de Yoga. Você pode querer praticar impelido por uma destas motivações:
1) para melhorar a qualidade de vida ou combater o estresse
2) para se manter em forma usando um método não convencional
3) buscando um treinamento físico rigoroso, exigente e energético
4) para tratamento terapêutico ou por indicação médica
5) procurando um caminho para o auto-conhecimento e a transcendência
É lógico que, quanto maiores forem as suas expectativas, mais fundo você deverá procurar. Se você quiser praticar para manter a forma ou combater o estresse, algumas sessões semanais de asanas de alongamento e flexibilidade farão o trabalho. Nesse caso, ou se você tiver algum problema de saúde ou ficou parado por um tempo, é aconselhável fazer um exame médico antes de iniciar.
Se estiver procurando uma atividade desafiante e energética, onde possa explorar e extrapolar seus limites físicos através de uma malhação consciente, o Power Yoga, o Ashtanga Vinyasa Yoga, o Iyengar Yoga e algumas formas de Hatha Yoga podem ser extremadamente exigentes, adequadas para atletas e pessoas que gostem de trabalhar o corpo com disciplina e intensidade.
Se você tiver praticado durante um tempo, sentido os benefícios do Yoga e quiser continuar sozinho, é recomendável mesmo assim que, de tempos em tempos, faça um workshop ou aula para corrigir eventuais erros que você mesmo possa não estar percebendo.
Se for o caso de usar yogaterapia por indicação médica, se recomendam uma ou duas sessões diárias de exercícios específicos que incluam asana, pranayama e yoganidra, bem como aconselhamento alimentar. O professor, nesse caso, precisa ter muito estudo e experiência no assunto. Há professores que prefiram negar os efeitos terapêuticos do Yoga, o que é muito mais fácil que estudá-los.
Uma das perguntas que podem surgir sobre este assunto é se você pode aprender Yoga sozinho ou se é necessário achar um professor competente. A resposta é que, a diferença de atividades unicamente intelectuais ou físicas, que tal vez possam aprender-se por livros, fitas ou vídeos, o Yoga não pode aprender-se somente por esses meios.
Já aconteceu de pessoas aprenderem sozinhas por livros e, após anos de repetir e ensinar os mesmos erros, acabarem com hérnia de disco, bico de papagaio ou hipertensão. E hérnia de disco, bico de papagaio ou hipertensão não são coisas que você queira pegar fazendo Yoga, não é mesmo?
Livros, fitas ou vídeos são muito úteis para estimular o sadhana e estudar detalhes e técnicas depois que você já tem experiência com a prática. A presença do professor na sala é fundamental para corrigir o alinhamento e o encaixe nas práticas que mexem com o corpo e dar o acompanhamento adequado na meditação ou no pranayama, assim como para detectar necessidades pessoais que você possa ter.
Por motivos éticos, nós não podemos nem devemos recomendar um único tipo de Yoga, pois as abordagens e os métodos variam muito. A modalidade de Yoga escolhida deve estar em função das expectativas e necessidades do praticante. Diferentes formas de Yoga não dão os mesmos resultados com as mesmas pessoas, e não há consenso sobre o que deveria ser ensinado em uma aula de Yoga.
Não existe um Yoga superior ou melhor que os demais. Cada método se adapta melhor para objetivos diferentes. O melhor Yoga é aquele que funciona para você mesmo, satisfaz as suas necessidades e preenche suas expectativas, sejam elas quais forem. É questão de procurar até achar algo que lhe satisfaça.
Aqui damos algumas diretrizes para lhe ajudar na escolha:
1) fale com o professor antes de iniciar: não se acanhe em fazer perguntas como com quem ele aprendeu, qual é a sua formação e a linhagem de Yoga à que ele pertence
2) se for o caso, fale dos cuidados especiais que ele precisará ter com você na aula
3) dê uma olhada nas instalações e veja como você se sente no lugar
4) observe se você se sente confortável com as pessoas que lá estão
5) veja se você se identifica com a proposta do trabalho do instrutor ou do tipo de Yoga
6) use o bom senso, a observação e a intuição para escolher
Dentre as qualidades do bom professor, independentemente do tipo de Yoga que ele ensine, destacamos as seguintes dicas para avaliação. O professor deve:
1) ser verdadeiro em suas palavras e atitudes
2) ter bom senso do humor e saber brincar
3) demonstrar respeito e compaixão por tudo e por todos
4) ser capaz de ensinar através do próprio exemplo, evitando a atitude "faça o que eu digo mas não faça o que eu faço".
5) não ter medo de expor suas próprias emoções
6) ter liderança sim, mas sem autoritarismo
Há uma dferença fundamental entre um professor e um guru, um mestre iluminado. Por uma questão óbvia de ética e bom senso, não recomendamos professores de Yoga ou instituições que sustentem atitudes ou afirmações como estas:
1) o nosso Yoga é o melhor e mais completo que existe
2) nosso método é o único verdadeiro, nenhum outro funciona
3) o Yoga ensinado pelo professor Fulano não presta
Quem diz se um Yoga é melhor que outro não é o folheto de propaganda, mas o praticante, e isso vale unicamente em relação a si próprio, à sua prática pessoal e ao seu momento. Se você se ofendeu ao ler isto, cuidado! Você pode estar vestindo uma carapuça ou, pior ainda, estar sendo usado e manipulado.
Evite fazer prática com professores que:
1) não gostem de responder perguntas: a recusa a responder pode ocultar uma ignorância lapidária sobre o assunto que você quer conhecer
2) excluam praticantes de qualquer credo, raça ou estrato social
3) ostentem atitudes arrogantes para com a tradição ou o trabalho dos demais
4) prometam coisas demais e em prazos muito curtos: o Yoga é um processo que leva tempo conhecer e dominar
5) usem a mentira institucionalizada como arma de propaganda
6) tenham excessivo apego pelo dinheiro e o poder
7) se coloquem num pedestal por serem praticantes do Yoga X, Y ou Z
8) tentem controlar os alunos, o que eles fazem, com quem eles falam ou o que eles comem
O Yoga serve para queimar o samskara, eliminar os condicionamentos e libertar o indivíduo da miséria humana. Se o professor falar mal dos demais ou ficar obsessionado tentando controlar os praticantes, mau sinal. O professor que sabe e confia não tem medo de que seus praticantes procurem outras formas de Yoga. E se os praticantes optarem pela outra, não se ofende. Se você tiver a sensação se estar sendo olhado como se fosse um monte de R$ ambulantes, desconfie! Numa palavra, todas essas são coisas do ego, que teoricamente o praticante honesto (que todo professor deve ser) deve ter sob controle.
Autor: Pedro Kupfer
Fonte: yoga.pro.br
Em busca de um Instrutor - por Eloisa Vargas
Estar "em forma" na ótica da ginástica é uma coisa bem diferente do "estar em forma" na visão do Yoga. Yoga não é ginástica e isto deve ser entendido antes de começar. Existem mil maneiras de praticar a parte física do Yoga mas nenhuma destas maneiras é ginástica.
Se você pretende praticar o Yoga de uma forma verdadeira, certifique-se de que o instrutor que você escolheu é a pessoa capacitada para orientá-lo neste contexto.
Se você é iniciante e quer aprender , deve procurar um instrutor de Yoga que ensine as poses (ásanas) na forma ou estilo que mais sintonize com você pois os estilos são muitos. Faça algumas aulas para aprender as poses e os fluxos. Se o instrutor não for bom no suporte filosófico, e você se interessa por esta área, leia sobre o assunto, busque, pesquise. Procure trocar de instrutor até que descubra aquele que será o melhor para você.
Saiba que muitas vezes o nome Yoga é usado para coisas que nem sempre condizem com os princípios do Yoga. O fato das academias oferecerem esta prática como uma "ginástica diferente" ou como uma alternativa para os que enjoaram da malhação pura e simples, por um lado ajuda a trazer uma imagem de um Yoga mais dinâmico, mas por outro, acaba por corromper a sua essência.
Mas ainda assim acredito que isto não seja motivo suficiente para que se estabeleça um sistema de fiscalização oficial no Yoga pois apesar destes enganos, a pessoa que nasceu para o Yoga sabe a diferença e não compra gato por lebre. Alguns perdem um pouco de tempo pelos caminhos errados mas um dia, encontram um instrutor sincero com o qual se harmonizam dentro do estilo que lhes é mais apropriado. Embora não haja motivos suficientes para que esta prática seja "fiscalizada", creio que existe uma forte tendência à abertura de núcleos de ensino para formação e apoio aos instrutores dentro dos princípios básicos da essência do Yoga.
Estes princípios são simples e não devem ser objeto de puro intelecto uma vez que Yoga é simples, não está vinculado a nenhum sistema de crenças e nem mesmo exige que se estude a sua filosofia uma vez que é, essencialmente, uma questão de prática. Nenhuma corrente filosófica serve de suporte ao Yoga e sim, o contrário. Pattabhi Joes refere-se ao lado teórico filosófico do Yoga com grande sabedoria quando postula o seguinte:
" Yoga é noventa e nove por cento prática e um por cento teoria. Para aquele que não pratica, a teoria é inútil, para aquele que pratica, ela é óbvia."
Creio que a preocupação fundamental na transmissão do Yoga por parte dos instrutores dos ramos derivados do hatha yoga deverá basear-se em dois pontos:
1) Fazer com que o aluno entenda que Yoga não é ginástica e não é terapia, embora o faça como conseqüência e não como objetivo.O objetivo único do Yoga é a iluminação.
2) Trabalhar intensamente na correção da postura e dos desalinhamentos que provocam desequilíbrios a fim de que os asanas sejam praticados com perfeição.
Para que o aluno entenda que Yoga não é ginástica, existe o Astanga Yoga de Patanjali - o código de ética e prática do Yogue que deverá ser mostrado e compreendido na experiência viva do momento da prática. No Hatha-Yoga-Pradîpikâ (4.102), o mais popular manual dessa escola, este item é esclarecido na seguinte citação:
" Todos os meios do Hatha Yoga têm como fim a aquisição da perfeição no Râja-Yoga. "
Para que possam corrigir sua postura e adquirir alinhamento e equilíbrio, é necessário que o instrutor conheça e aplique leis da biomecânica até que o aluno adquira a habilidade de descobrir o equilíbrio e o alinhamento através da ação inteligente e natural do próprio corpo.
Em hatha yoga, que é o caminho do Yoga que utiliza o corpo como base para a iluminação, o alinhamento perfeito será desenvolvido naturalmente através do treinamento, dedicação, paciência e perseverança. Com o tempo e a prática, este trabalho físico através dos asana começa a atingir a mente abrindo caminho para a consciência do espírito. Embora todos fiquem "em forma" externamente, não é este o objetivo. O que se chama de "boa forma", saúde etc., é apenas condição para outras coisas que são a essência do Yoga.
O instrutor que segue os preceitos básicos do Yoga será abençoado pelos mestres ancestrais e jamais desvirtuará ou corromperá a prática. Esta é a ética da transmissão de um conhecimento ancestral que bem sabemos, em parte, é herança kármica e que por isto, está muito longe de ser compreendido ou administrado através de leis humanas. E é por isto que o verdadeiro Yoga deverá continuar livre de qualquer fator que possa restringi-lo ou tentar aprisioná-lo em um conjunto de regras, direitos e deveres. Isto não é necessário e o praticante sincero sabe disto.
Acredito que existe um princípio de troca na "transmissão do conhecimento do Yoga" e é dentro deste princípio que pratico e ensino: se você respeita as bases do Yoga, os mestres ancestrais estarão contigo e te ajudarão a transmitir o que pode e deve ser transmitido. Acredito ser esta uma função kármica e que o instrutor não pode tentar fazer disto, apenas uma profissão. Penso que seja um grande erro e com conseqüências sérias a manipulação do Yoga através de leis e regulamentações. Uma faculdade jamais poderá produzir um yogi e sei que todo o instrutor honesto há de concordar neste ponto. Quando ensinamos, não estamos à serviço de nada a não ser do próprio Yoga. Se cumprirmos e honrarmos nossa obrigação , as energias dos mestres ancestrais nos guiarão pois estarão sempre ao nosso lado.
É difícil tentar abordar este assunto por este ângulo considerado "místico" numa época onde grande parte dos instrutores, responsáveis pela transmissão desta sabedoria milenar, tornam-se materialistas ao ponto de tentarem transformar o Yoga em objeto de consumo.
Mas saiba que o verdadeiro Yoga não está perdido e você poderá reconhecê-lo não através da mídia e nem de prédios e aparatos elegantes que abrigam as escolas atuais. O verdadeiro Yoga está presente no desapego, na humildade e na sinceridade daqueles que o transmitem e praticam e esses valores são verdadeiros e incorruptíveis.
Fonte: YogaBrasil.com.br
1) para melhorar a qualidade de vida ou combater o estresse
2) para se manter em forma usando um método não convencional
3) buscando um treinamento físico rigoroso, exigente e energético
4) para tratamento terapêutico ou por indicação médica
5) procurando um caminho para o auto-conhecimento e a transcendência
É lógico que, quanto maiores forem as suas expectativas, mais fundo você deverá procurar. Se você quiser praticar para manter a forma ou combater o estresse, algumas sessões semanais de asanas de alongamento e flexibilidade farão o trabalho. Nesse caso, ou se você tiver algum problema de saúde ou ficou parado por um tempo, é aconselhável fazer um exame médico antes de iniciar.
Se estiver procurando uma atividade desafiante e energética, onde possa explorar e extrapolar seus limites físicos através de uma malhação consciente, o Power Yoga, o Ashtanga Vinyasa Yoga, o Iyengar Yoga e algumas formas de Hatha Yoga podem ser extremadamente exigentes, adequadas para atletas e pessoas que gostem de trabalhar o corpo com disciplina e intensidade.
Se você tiver praticado durante um tempo, sentido os benefícios do Yoga e quiser continuar sozinho, é recomendável mesmo assim que, de tempos em tempos, faça um workshop ou aula para corrigir eventuais erros que você mesmo possa não estar percebendo.
Se for o caso de usar yogaterapia por indicação médica, se recomendam uma ou duas sessões diárias de exercícios específicos que incluam asana, pranayama e yoganidra, bem como aconselhamento alimentar. O professor, nesse caso, precisa ter muito estudo e experiência no assunto. Há professores que prefiram negar os efeitos terapêuticos do Yoga, o que é muito mais fácil que estudá-los.
Uma das perguntas que podem surgir sobre este assunto é se você pode aprender Yoga sozinho ou se é necessário achar um professor competente. A resposta é que, a diferença de atividades unicamente intelectuais ou físicas, que tal vez possam aprender-se por livros, fitas ou vídeos, o Yoga não pode aprender-se somente por esses meios.
Já aconteceu de pessoas aprenderem sozinhas por livros e, após anos de repetir e ensinar os mesmos erros, acabarem com hérnia de disco, bico de papagaio ou hipertensão. E hérnia de disco, bico de papagaio ou hipertensão não são coisas que você queira pegar fazendo Yoga, não é mesmo?
Livros, fitas ou vídeos são muito úteis para estimular o sadhana e estudar detalhes e técnicas depois que você já tem experiência com a prática. A presença do professor na sala é fundamental para corrigir o alinhamento e o encaixe nas práticas que mexem com o corpo e dar o acompanhamento adequado na meditação ou no pranayama, assim como para detectar necessidades pessoais que você possa ter.
Por motivos éticos, nós não podemos nem devemos recomendar um único tipo de Yoga, pois as abordagens e os métodos variam muito. A modalidade de Yoga escolhida deve estar em função das expectativas e necessidades do praticante. Diferentes formas de Yoga não dão os mesmos resultados com as mesmas pessoas, e não há consenso sobre o que deveria ser ensinado em uma aula de Yoga.
Não existe um Yoga superior ou melhor que os demais. Cada método se adapta melhor para objetivos diferentes. O melhor Yoga é aquele que funciona para você mesmo, satisfaz as suas necessidades e preenche suas expectativas, sejam elas quais forem. É questão de procurar até achar algo que lhe satisfaça.
Aqui damos algumas diretrizes para lhe ajudar na escolha:
1) fale com o professor antes de iniciar: não se acanhe em fazer perguntas como com quem ele aprendeu, qual é a sua formação e a linhagem de Yoga à que ele pertence
2) se for o caso, fale dos cuidados especiais que ele precisará ter com você na aula
3) dê uma olhada nas instalações e veja como você se sente no lugar
4) observe se você se sente confortável com as pessoas que lá estão
5) veja se você se identifica com a proposta do trabalho do instrutor ou do tipo de Yoga
6) use o bom senso, a observação e a intuição para escolher
Dentre as qualidades do bom professor, independentemente do tipo de Yoga que ele ensine, destacamos as seguintes dicas para avaliação. O professor deve:
1) ser verdadeiro em suas palavras e atitudes
2) ter bom senso do humor e saber brincar
3) demonstrar respeito e compaixão por tudo e por todos
4) ser capaz de ensinar através do próprio exemplo, evitando a atitude "faça o que eu digo mas não faça o que eu faço".
5) não ter medo de expor suas próprias emoções
6) ter liderança sim, mas sem autoritarismo
Há uma dferença fundamental entre um professor e um guru, um mestre iluminado. Por uma questão óbvia de ética e bom senso, não recomendamos professores de Yoga ou instituições que sustentem atitudes ou afirmações como estas:
1) o nosso Yoga é o melhor e mais completo que existe
2) nosso método é o único verdadeiro, nenhum outro funciona
3) o Yoga ensinado pelo professor Fulano não presta
Quem diz se um Yoga é melhor que outro não é o folheto de propaganda, mas o praticante, e isso vale unicamente em relação a si próprio, à sua prática pessoal e ao seu momento. Se você se ofendeu ao ler isto, cuidado! Você pode estar vestindo uma carapuça ou, pior ainda, estar sendo usado e manipulado.
Evite fazer prática com professores que:
1) não gostem de responder perguntas: a recusa a responder pode ocultar uma ignorância lapidária sobre o assunto que você quer conhecer
2) excluam praticantes de qualquer credo, raça ou estrato social
3) ostentem atitudes arrogantes para com a tradição ou o trabalho dos demais
4) prometam coisas demais e em prazos muito curtos: o Yoga é um processo que leva tempo conhecer e dominar
5) usem a mentira institucionalizada como arma de propaganda
6) tenham excessivo apego pelo dinheiro e o poder
7) se coloquem num pedestal por serem praticantes do Yoga X, Y ou Z
8) tentem controlar os alunos, o que eles fazem, com quem eles falam ou o que eles comem
O Yoga serve para queimar o samskara, eliminar os condicionamentos e libertar o indivíduo da miséria humana. Se o professor falar mal dos demais ou ficar obsessionado tentando controlar os praticantes, mau sinal. O professor que sabe e confia não tem medo de que seus praticantes procurem outras formas de Yoga. E se os praticantes optarem pela outra, não se ofende. Se você tiver a sensação se estar sendo olhado como se fosse um monte de R$ ambulantes, desconfie! Numa palavra, todas essas são coisas do ego, que teoricamente o praticante honesto (que todo professor deve ser) deve ter sob controle.
Autor: Pedro Kupfer
Fonte: yoga.pro.br
Em busca de um Instrutor - por Eloisa Vargas
Estar "em forma" na ótica da ginástica é uma coisa bem diferente do "estar em forma" na visão do Yoga. Yoga não é ginástica e isto deve ser entendido antes de começar. Existem mil maneiras de praticar a parte física do Yoga mas nenhuma destas maneiras é ginástica.
Se você pretende praticar o Yoga de uma forma verdadeira, certifique-se de que o instrutor que você escolheu é a pessoa capacitada para orientá-lo neste contexto.
Se você é iniciante e quer aprender , deve procurar um instrutor de Yoga que ensine as poses (ásanas) na forma ou estilo que mais sintonize com você pois os estilos são muitos. Faça algumas aulas para aprender as poses e os fluxos. Se o instrutor não for bom no suporte filosófico, e você se interessa por esta área, leia sobre o assunto, busque, pesquise. Procure trocar de instrutor até que descubra aquele que será o melhor para você.
Saiba que muitas vezes o nome Yoga é usado para coisas que nem sempre condizem com os princípios do Yoga. O fato das academias oferecerem esta prática como uma "ginástica diferente" ou como uma alternativa para os que enjoaram da malhação pura e simples, por um lado ajuda a trazer uma imagem de um Yoga mais dinâmico, mas por outro, acaba por corromper a sua essência.
Mas ainda assim acredito que isto não seja motivo suficiente para que se estabeleça um sistema de fiscalização oficial no Yoga pois apesar destes enganos, a pessoa que nasceu para o Yoga sabe a diferença e não compra gato por lebre. Alguns perdem um pouco de tempo pelos caminhos errados mas um dia, encontram um instrutor sincero com o qual se harmonizam dentro do estilo que lhes é mais apropriado. Embora não haja motivos suficientes para que esta prática seja "fiscalizada", creio que existe uma forte tendência à abertura de núcleos de ensino para formação e apoio aos instrutores dentro dos princípios básicos da essência do Yoga.
Estes princípios são simples e não devem ser objeto de puro intelecto uma vez que Yoga é simples, não está vinculado a nenhum sistema de crenças e nem mesmo exige que se estude a sua filosofia uma vez que é, essencialmente, uma questão de prática. Nenhuma corrente filosófica serve de suporte ao Yoga e sim, o contrário. Pattabhi Joes refere-se ao lado teórico filosófico do Yoga com grande sabedoria quando postula o seguinte:
" Yoga é noventa e nove por cento prática e um por cento teoria. Para aquele que não pratica, a teoria é inútil, para aquele que pratica, ela é óbvia."
Creio que a preocupação fundamental na transmissão do Yoga por parte dos instrutores dos ramos derivados do hatha yoga deverá basear-se em dois pontos:
1) Fazer com que o aluno entenda que Yoga não é ginástica e não é terapia, embora o faça como conseqüência e não como objetivo.O objetivo único do Yoga é a iluminação.
2) Trabalhar intensamente na correção da postura e dos desalinhamentos que provocam desequilíbrios a fim de que os asanas sejam praticados com perfeição.
Para que o aluno entenda que Yoga não é ginástica, existe o Astanga Yoga de Patanjali - o código de ética e prática do Yogue que deverá ser mostrado e compreendido na experiência viva do momento da prática. No Hatha-Yoga-Pradîpikâ (4.102), o mais popular manual dessa escola, este item é esclarecido na seguinte citação:
" Todos os meios do Hatha Yoga têm como fim a aquisição da perfeição no Râja-Yoga. "
Para que possam corrigir sua postura e adquirir alinhamento e equilíbrio, é necessário que o instrutor conheça e aplique leis da biomecânica até que o aluno adquira a habilidade de descobrir o equilíbrio e o alinhamento através da ação inteligente e natural do próprio corpo.
Em hatha yoga, que é o caminho do Yoga que utiliza o corpo como base para a iluminação, o alinhamento perfeito será desenvolvido naturalmente através do treinamento, dedicação, paciência e perseverança. Com o tempo e a prática, este trabalho físico através dos asana começa a atingir a mente abrindo caminho para a consciência do espírito. Embora todos fiquem "em forma" externamente, não é este o objetivo. O que se chama de "boa forma", saúde etc., é apenas condição para outras coisas que são a essência do Yoga.
O instrutor que segue os preceitos básicos do Yoga será abençoado pelos mestres ancestrais e jamais desvirtuará ou corromperá a prática. Esta é a ética da transmissão de um conhecimento ancestral que bem sabemos, em parte, é herança kármica e que por isto, está muito longe de ser compreendido ou administrado através de leis humanas. E é por isto que o verdadeiro Yoga deverá continuar livre de qualquer fator que possa restringi-lo ou tentar aprisioná-lo em um conjunto de regras, direitos e deveres. Isto não é necessário e o praticante sincero sabe disto.
Acredito que existe um princípio de troca na "transmissão do conhecimento do Yoga" e é dentro deste princípio que pratico e ensino: se você respeita as bases do Yoga, os mestres ancestrais estarão contigo e te ajudarão a transmitir o que pode e deve ser transmitido. Acredito ser esta uma função kármica e que o instrutor não pode tentar fazer disto, apenas uma profissão. Penso que seja um grande erro e com conseqüências sérias a manipulação do Yoga através de leis e regulamentações. Uma faculdade jamais poderá produzir um yogi e sei que todo o instrutor honesto há de concordar neste ponto. Quando ensinamos, não estamos à serviço de nada a não ser do próprio Yoga. Se cumprirmos e honrarmos nossa obrigação , as energias dos mestres ancestrais nos guiarão pois estarão sempre ao nosso lado.
É difícil tentar abordar este assunto por este ângulo considerado "místico" numa época onde grande parte dos instrutores, responsáveis pela transmissão desta sabedoria milenar, tornam-se materialistas ao ponto de tentarem transformar o Yoga em objeto de consumo.
Mas saiba que o verdadeiro Yoga não está perdido e você poderá reconhecê-lo não através da mídia e nem de prédios e aparatos elegantes que abrigam as escolas atuais. O verdadeiro Yoga está presente no desapego, na humildade e na sinceridade daqueles que o transmitem e praticam e esses valores são verdadeiros e incorruptíveis.
Fonte: YogaBrasil.com.br
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